Oito meses.
É com esse prazo que o novo prefeito de Marabá trabalha para colocar em ordem a casa.
Na primeira reunião que realizou com seu secretariado, à noite dessa
quarta-feira, 2, João Salame recebeu um breve balanço de como seus
auxiliares encontraram os respectivos órgãos. A situação de cada
secretaria é igual às outras: totalmente “dizimada”, conforme relatos.
Em linhas gerais, o quadro se assemelha: faltam veículos, as
dependências físicas são as mais deprimentes, equipamentos sucateados,
computadores saqueados, marcas lamentáveis de escombros provocados por
um “tsunami” de anarquia administrativa.
Cheques sustados
Antes de realizar a primeira reunião com o secretariado, Salame
conseguiu, pela parte da manhã, antes da abertura das agências
bancárias, sustar cerca de dois mil cheques liberados no apagar das
luzes, como pagamento de fornecedores.
A decisão do Executivo baseou-se na premissa de que grande parte dos
cheques poderia estar eivada de irregularidades. “Como assimilar de
origem lícita alguns desses pagamentos se o salário dos servidores não
foi priorizado?”, indagava Salame.
Todos os cheques foram devolvidos, e a prefeitura realizará agora
minuciosa análise da destinação de cada pagamento para constatar a
realização correta ou não dos serviços e compras.
Proibido contratar
Na reunião com o secretariado, prefeito foi duro ao declarar a
proibição de contratação de pessoal e realização de compras. “Peço
encarecidamente a todos vocês que me ajudem a dizer “não”. Esse ônus não
pode ficar apenas em minhas costas. Espero que cada um de vocês
esclareçam às pessoas a impossibilidade da prefeitura contratar.
Enquanto não regularizarmos o salário dos servidores e quitarmos dívidas
astronômicas junto a previdência -, e outras pendências, está proibido
contratar”, disse João.
No embalo, usou frase de Vinicius de Moraes para fazer recomendação ao secretário de Administração, Ademir Martins:
- Ademir, contratação só com ordem minha, por escrito. Ou lembrando
Vinicius: ” Provar muito bem provado com certidão passada em cartório
do Céu e assinado em baixo: Deus! E com firma reconhecida”.
Comprar, só o essencial. Também deixou isso claro.
E usando o mesmo critério para contratação de pessoal: só por ordem escrita do prefeito.
Abastecimento de veículos, somente os equipamentos da área de saúde e
atividades que não podem mesmo ter problema de continuidade – caso
possuam carros.
Como oitenta por cento das secretarias não possuem carro, prefeito
pediu a cada secretário que usem os seus particulares, pagando também o
próprio combustível.
“Ou estamos firmes nesse projeto de reconstruir a cidade, ou de nada
valerá qualquer esforço até agora feito para que chegássemos onde
chegamos. Somos a esperança de 300 mil pessoas, e não podemos
decepcioná-las”, lembrou.
Capacidade de investimento
Um levantamento básico aponta que a prefeitura de Marabá tem débitos
da ordem de R$ 150 milhões. “É provável que esse valor seja até maior,
com a abertura das caixas pretas que deverão se seguir.
“Enquanto não recuperarmos a capacidade de investimento da
prefeitura, não mudaremos essa rota. Nós precisamos de dinheiro para
honrar compromissos assumidos com o povo de Marabá, e só alcançaremos
essa meta cortando na carne”, disse.
Móveis do gabinete sumiram
Quando o prefeito chegou em seu gabinete para despachar, encontrou
salas com grande parte dos móveis levados. Até um conjunto de câmeras de
monitoramento que havia ali instalado, também foi surripiado.
Ao prefeito, funcionários declararam que assessores do ex-prefeito
levaram os equipamentos sob a justificativa de que os mesmos seriam de
propriedade de Maurino Magalhães.
Negociação com sindicatos
Durante despacho no gabinete, Salame recebeu representante dos
sindicatos dos servidores (Sintepp, Sintesp e Servimmar) para tratar da
primeira audiência que iniciará o ciclo de negociações sobre o pagamento
dos salários atrasados.
(Fonte: Blog do Hiroshi)
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