segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

NOTA DE REPÚDIO AO CASO DE TEREZA BIANCA E SOLIDARIEDADE AOS FAMILIARES

 

 


 


 

 

Mais uma.

 Mais?

 Uma?

 Quantas são necessárias mortas, para arrombarem essas portas?

Quantas crianças mutiladas até tomarem essa espada?

Quantas criaturas sem sorte para esse banquete da morte?

 

 

 Em nome das mulheres do Sindicato das Trabalhadoras e Trabalhadores da Educação do Estado do Pará - Sintepp, Subsede Marabá, levantamos nossa voz em repúdio diante da trágica situação envolvendo a jovem Tereza Bianca Nunes de Castro, de apenas 23 anos de idade, a qual vai entrar para as estatísticas como mais uma jovem mãe que perdeu sua vida, após procedimento de parto malsucedido no Hospital Materno Infantil de Marabá, Pará.

No dia 24 de outubro de 2023, a jovem Tereza Bianca deu entrada naquela unidade hospitalar em trabalho de parto do seu filho, Abraão. Todavia, em consequência do que parece configurar como imperícia médica seguida de negligência hospitalar, Tereza perdeu a sua vida após mais de três meses de sofrimento. A jovem teria tido o intestino perfurado durante o parto, o que ocasionou numa infecção e inchaço de seu abdomem, levando a sua morte após uma verdadeira via-crucis, dela e de seus familiares tentando entender o que havia acontecido.

Enquanto mulheres, sentimo-nos revoltadas e violadas com tamanho absurdo. Este não é apenas um caso no qual se configura negligência médica, mas sim, o que se evidencia, uma brutal manifestação de violência obstétrica, expondo as fragilidades de um sistema de saúde municipal em colapso.

A jovem, que deveria ter experimentado um momento de alegria ao trazer uma nova vida ao mundo, enfrentou um calvário que resultou em sua morte prematura.

Exigimos, de forma contundente, que os responsáveis por essa tragédia não fiquem impunes. É inadmissível que, em pleno século XXI, mulheres ainda enfrentem situações tão desumanas durante o processo de gestação e parto.

Dessa forma, instamos as autoridades competentes para conduzirem uma investigação profunda e transparente, garantindo que cada detalhe seja minuciosamente investigado e elucidado.

A divulgação tardia do caso apenas destaca a urgência de medidas efetivas para evitar que tragédias como essa se repitam. As 11 cirurgias pelas quais Tereza passou em sua luta pela vida não só evidenciam a gravidade da negligência, mas também a necessidade de uma reforma estrutural no sistema de saúde.

Ademais, é importante ainda dizer que não podemos normalizar os casos que vêm acontecendo com as mulheres nesse hospital Materno Infantil. Urge que as autoridades realizem uma intervenção nessa instituição. Está insustentável o descaso com nossas futuras mães, com seus sonhos interrompidos. Está virando uma rotina sem que o poder público resolva essa situação. Isso é um desrespeito à mulher, à sua autonomia, ao seu corpo e aos seus processos reprodutivos. Assim, solidarizamo-nos com a família de Tereza, que agora enfrenta a insuportável dor de perder um ente querido de maneira tão brutal.

Por fim, é indubitável que a situação exige mais do que sindicâncias internas. O caso de Tereza Bianca e outros tantos já noticiados requerem responsabilização, não só da Prefeitura Municipal de Marabá, como também da Secretaria Municipal de Saúde e dos envolvidos nesse caso. Além disso, mudanças significativas precisam ser adotadas para evitar que as mulheres se tornem vítimas de um sistema que deveria protegê-las.

#Naoàviolênciaobstétrica!!

 

 

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